quinta-feira, 16 de setembro de 2010

"Todo Mundo" quer ser Bispo/a Metodista

Postagem do blog: http://queroserbispo2011.blogspot.com


Por que o episcopado na Igreja Metodista tem exercido tanta atração? Por que a sucessão episcopal tem se tornado um tema tão alvissareiro no meio da pastorada? Por que cresce o número dos que “almejam o episcopado”?

Eu tenho algumas hipóteses:
1. Todos os pastores/as presbíteros/as são automaticamente candidatos/as ao episcopado. Você já viu alguma instituição ter mais candidatos que eleitores? Na Igreja Metodista é assim! São uns mil candidatos para uns cento e oitenta eleitores!
2. O salário de Bispo/a pode ser até 20 vezes maior que o salário de um pastor/a, sem contar outros benefícios.
3. Para ser Bispo/a não é importante ter coerência entre discurso e prática, mas ser conhecido nas áreas regional e geral.
4. Para ser Bispo/a não é preciso ter tido competência no exercício pastoral em igrejas locais.
5. Para ser Bispo/a não é necessário ter facilidade de expressão oral e escrita. É só ouvir e ler o que alguns falam e escrevem. Até lembram as “pérolas do Enem”!
6. Para ser Bispo/a não é necessário possuir firmeza doutrinária. Em termos de doutrina, vale tudo na Igreja Metodista!
7. Para ser Bispo/a não é preciso conhecer um pouco de história e teologia do metodismo. Aliás, vale tudo também quando se fala sobre “os Wesley”!
8. Para ser Bispo/a não é necessário conhecer um pouco de Bíblia. Ela é apenas um pretexto para um discurso já pronto.
9. Para ser Bispo não é preciso ter o mínimo de interesse em conhecer a realidade espiritual, social, econômica e política da cidade, da região, da nação.
10. Para ser Bispo/a não é importante zelar pela unidade da igreja. Pelo contrário, quando mais cedo o “candidato/a” se rotular e dar “segurança” aos seus partidários de que vão “reinar”, melhor.
11. Nomeação de pastores/as já não é instrumento para promover edificação e missão, mas moeda para pagamento de campanha eleitoral-episcopal e instrumento para punir quem pensa diferente, quem não pertence ao “partido”.
12. Para ser Bispo/a é mais importante ter uma mente administrativa do que pastoral – mesmo que na prática se consiga falhar nos dois aspectos.
13. A congregação local pode ser tratada apenas em termos estatísticos: Quantos são? Quanto produzem? Quanto rendem? A relação já não é de pastor/ovelha, mas vaqueiro/gado.
14. Ser Bispo/a é libertar-se definitivamente da congregação local. É uma indignidade alguém que tenha sido Bispo voltar a ser pastor! Quando essa chance aparece pela não reeleição ao episcopado (que é uma grande ofensa!), trata-se logo de dar um título, um cargo, porque a experiência dele não pode ser “desperdiçada” na igreja local.
15. Para ser Bispo/a é preciso ter capacidade de liderança, mas não segundo o Evangelho. O principal sentimento que um Bispo deve gerar nos seus “liderados” é o medo. Por isso, um livro de cabeceira indispensável é O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.

O episcopado tornou-se atrativo porque pode-se chegar até ele e exercê-lo sem os requisitos bíblicos e canônicos.

Contudo, não foi assim “no princípio”! É só ler 1 Pedro 5.1-3, 1 Timóteo 3.1-7, Tito 1.7-9.

Quem é “suficiente para essas coisas”?

Maurício Ramaldes*
São Paulo, junho de 2009.

*foi pastor metodista e é membro da IM Bela Aurora, Juiz de Fora, MG.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Jesus e o discipulado

Otávio Júlio Torres

O discipulado foi o modo particular de Jesus anunciar o Evangelho e reunir em torno de si seus primeiros seguidores. A proposta desta reflexão é apontar alguns caminhos usados por Jesus ao exercer seu discipulado e formar uma liderança capaz de gerar e sustentar sua igreja.

Jesus ensinou e treinou os discípulos
Jesus tinha um ministério de ensino privado, além daquele que utilizava para todo o povo. Ele ensina na sinagoga (Marcos 1.21), como fez em Nazaré (Lucas 4.16-21) ou “do alto do monte falando às multidões” (Mateus 5). Mas esse ministério não bastava para Jesus medir bem o aprendizado de seus discípulos, nem orientar ou corrigir de modo particular, como fez com Pedro (Marcos 8.31-33) ou com Tiago e João (Lucas 9.54). Ele investia mais tempo, em particular, com os doze discípulos, certamente considerando suas personalidades e conversão sincera.
Jesus instruiu seus discípulos nas verdades do Reino e eles fizeram o mesmo em relação a outros (Atos 20.25). Nós devemos fazer o mesmo. Assim, fica clara a necessidade de existirem níveis de ensino com os novos discípulos, para seu crescimento na vida cristã (Atos 14.21-22).

Jesus demonstrou como fazer, como sinalizar o reino
A autoridade de Jesus se baseava no fato de que Ele vivia aquilo que ensinava. Ao vê-lo em ação, pessoas diziam: “O que é isso? Um novo ensino com autoridade!” (Marcos 1.27). Os fariseus tinham aparência e formalidade, mas não conseguiam viver integralmente o ensino ministrado. Paulo denuncia tal fato também (Romanos 2).
No texto do lava-pés (João 13), Pedro reagiu a Jesus: “Nunca me lavarás os pés”, porque entendia “autoridade” e “posição” como superioridade. Rabi (Raboni) era o mestre escriba, cujo nome pode ser traduzido por “meu Senhor”, como uma posição de alto destaque e importância social.
Mas Jesus cingiu-se com uma toalha – como faziam os servos aos seus senhores – e, tomando água, passou a lavar-lhes os pés, recomendando-lhes seguir o exemplo (João 13.14-15) e disse: “O empregado não é superior ao patrão, nem o mensageiro mais importante do que aquele que o enviou” (João 13.16). Não basta falar, é preciso agir.
Jesus usou parábolas ao ensinar sobre o Reino de Deus: “...é semelhante a um tesouro oculto no campo” (Mateus 13.44). Essa ilustração usa fatos da vida comum aos seus ouvintes; demonstra uma situação prática. Devemos buscar nossa coerência entre o ensino e a ação. Mas não se trata de uma imagem idealizada e perfeccionista. As pessoas discipuladas devem entender que a limitação humana existe e, por isso, erros podem ocorrer, mas que a graça nos redime e nos reorienta a uma vida justa, santa e vitoriosa, como foi a do Mestre Jesus.

Jesus deu responsabilidade aos seus discípulos (Mateus 10; Lucas 9-10)
Os discípulos aceitaram a Jesus e à sua mensagem, aprenderam com ele, mas era preciso assumir uma responsabilidade, atender a um chamado radical e responsável. A autoridade e poder recebidos do Mestre não são um fim em si mesmos, mas uma capacitação para cumprir a missão.
Ao saírem pelas aldeias e cidades, eles se tornavam conhecidos como discípulos/testemunhas de Jesus, comprometidos com Ele. Pelo envio, aprenderam que eram capazes. A sua euforia no retorno (Lucas 10.17) mostra o quanto se sentiram encorajados e confiantes. Já podiam ser sujeitos, ministros e agentes do Reino.
Quando discipulamos, devemos oferecer responsabilidades práticas aos novos crentes, de acordo com suas experiências, e acompanhá-los na devida instrução e demonstração, como Cristo o fez.
Infelizmente, hoje, a maioria dos “cristãos” é mera espectadora. Ao serem recebidos, esses novos crentes não foram preparados e até desafiados a atuar como discípulos. E, uma vez que não aceitam ter responsabilidades na Igreja, eles não chegam a experimentar a alegria do “retorno”, nem a euforia e a testificação das bênçãos que, pelo nome e poder de Jesus, aqueles discípulos alcançaram (Lucas 10.17-24).

Jesus acreditou que os seus discípulos iriam discipular
Na conhecida oração sacerdotal (João 17), Jesus expressa sua vontade quanto à continuidade de sua obra por meio dos discípulos: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (João 17.18).
Apóstolo quer dizer enviado; e com a missão de fazer outros discípulos: “vos designei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (João 15.16). Outras pessoas seguirão aos discípulos como seguiram a Jesus (João 15.20). Mas observe: está prevista a rejeição. Mais ainda: a perseguição há de acompanhar o ministério do verdadeiro discípulo. Portanto, o crescimento ocorre por meio da fidelidade e da luta do dia-a-dia.

“Se não respondo por mim, quem responderá por mim? Mas se só respondo por mim, serei ainda eu?"

Otávio Júlio Torres

Caro Júnior,

Estive pesquisando a respeito. Pelo menos, parece verossímil dizer que este pensamento aparece, pelo menos, em Platão e em Tomas de Aquino. Todavia, pesquisei um texto na net intitulado “Da responsabilidade à compaixão”, em que o autor Manoel do Carmo Ferreira, do Instituto S. Tomas de Aquino, remete essa frase a um escrito da Antiga Babilônia, classificado como um Talmud. É interessante esta classificação, pois a palavra Talmud é hebraica e designa um conjunto de registros rabínicos que remetem ao estudo da lei, dos costumes e da história do judaísmo, estando subjugado somente à Bíblia hebraica (livros bíblicos do Antigo Testamento, conforme traduzidos na versão da Bíblia Protestante da língua portuguesa. Em todo caso, como o povo babilônico é anterior e fonte da cultura judaica, não há prejuízo em manter este ditado como um talmud, entendendo-o como um conjunto de registro babílônico antigo sobre leis, costumes e história deste povo.

Sendo assim, cabe-nos um grande desafio em entendê-lo, interpretá-lo correntamente, uma vez que foi escrito por uma cultura e pensamento, historicamente, tão distantes de nós.

Considerado um talmud, pode-se interpretar essa frase na direção de estabelecer o lugar do ser na história e na sociedade. A frase toca a pergunta sobre sua identidade e seu modo de ser no mundo.

A primeira pergunta – Se não respondo por mim, quem responderá por mim? – toca exatamente a questão da identidade pessoal. Na constituição do Ser individual, é de suma importância pontuar a autoafirmação. Dizia Descartes, um filosófo frances racionalista, do começo da era moderna, que para se afirmar a existência, o ser de algo, é preciso que ele seja completamente uma realidade clara e distinta de qualquer outra. Daí, o Ser sempre está em busca de colocar-se no mundo como indivíduo, autor de seus próprios atos, responsável por si mesmo.

No entanto, a segunda pergunta – Mas se só respondo por mim, serei ainda eu? – levanta outro questionamento, que nos leva a considerar, filosoficamente, a partir de três posturas existenciais distintas sobre a presença do ser humano no mundo. O Determinismo absoluto é a visão de mundo que estabelece o fato de que cada um dos acontecimentos do universo estaria submetido às leis naturais, entendidas dentro de uma estrutura de causa. Nesta caso, todos os seres do universo estão predestinados, entregues a um destino causal, que determina todos os atos da sua existência. Essa doutrina não permeia o pensamento acima.

Ainda, há a doutrina do livre-arbítrio. Os seus defensores dizem que ser livre significa decidir e agir como se quer, independentemente de causa determinante. Nas palavras de Sartre, “o ser humano está condenado a ser livre”. Esta visão de mundo é capaz de traduzir a frase acima com um SIM. Ou seja, exatamente eu respondendo por mim mesmo, e somente eu fazendo isso, é que encontro e estabeleço minha identidade no mundo. Determino o meu EU, inalienavelmente. Só que, entendendo o pensamento a partir desta visão de mundo, o seu autor estaria dizendo que todo o Ser no mundo estaria entregue ao acaso. Cada um sendo inalienavelmente livre, não haveria conceitos ou palavras tais como: referência, parâmetro, perspectiva, visão de mundo...

Finalmente, os filósofos modernos instituíram o determinismo moderado, que conjuga as duas visões de mundo anteriores. Esta é entendida a partir de certa liberdade de decisão e de ação, uma conduta consciente, sem, contudo, deixar de estar inserida numa compreensão de causalidade e razões (necessidades) inerentes. Spinoza, Hegel, Marx e Engels são alguns dos filósofos que entenderam o ser humano assim. Aqui, liberdade e causalidade não se excluem. Esta concepção da existência colocaria a pergunta – Mas se só respondo por mim, serei ainda eu? – numa linha de raciocínio da ética. Ou seja, para cada passo do Ser (humano) é preciso ponderar sobre suas possíveis causalidades ou perguntar se se trata de um ato de liberdade. Assim, posso ser eu ainda, mesmo que seja uma resposta unicamente minha, pois me constituo um Ser dentre os demais. Dependendo da resposta exigida por mim, sou parte de um SER maior, presente em todos os seres e conduzindo todos os seres para uma única história, como definiu Hegel: “A liberdade é a necessidade compreendida.”

sábado, 4 de setembro de 2010

Porque não quero ser membro da Igreja...

Hideide Brito Torres

Não quero ser membro da Igreja porque posso participar dos ministérios, da Santa Ceia, ser dizimista, estar nos cultos sem a necessidade de um ritual ou um pedaço de papel que me diga o que sou ou não. Se você pensar bem, esta é a mesma razão pela qual as pessoas querem “morar junto” hoje em dia, sem estar casadas legalmente. É ter as recompensas sem o peso dos deveres. O outro nunca pode exigir nada, porque, se eu não gostar mais, posso simplesmente ir embora sem ter de dar satisfações a ninguém.

Não quero ser membro da Igreja porque gosto de circular por aí, conhecer novas ideias e novas pessoas. Ser membro significa aderir a um conjunto de preceitos e eu não gosto que ninguém me diga o que pensar ou não. Existem coisas com as quais eu não concordo na Igreja, até mesmo doutrinárias. Sem ser membro, não tenho compromisso com nada disso.

Não quero ser membro da Igreja para não ter a responsabilidade pessoal de zelar pelo meu testemunho em relação a ela. Se alguém me perguntar alguma coisa, digo simplesmente que frequento, estou visitando, vendo “qual é”.

Não quero ser membro da Igreja para não ter a responsabilidade pessoal de zelar pelo meu testemunho em relação a ela. Se alguém me perguntar alguma coisa, digo simplesmente que frequento, estou visitando, vendo “qual é”.

Não quero ser membro da Igreja para não ter de sustentar as coisas chatas que toda Igreja tem. Posso fazer o que quiser, sem ser requerido. Não tenho a obrigação de amar ninguém nem de sustentar ninguém com minhas orações. Se alguém pegar no meu pé, posso ameaçar ir para outra comunidade, quem sabe fazer alguma pressão por causa do dízimo que entrego. Ao fazê-lo, fico aparentemente mais fiel do que aquele que, sendo membro, não faz tudo o que eu faço.

Só que há alguns problemas... mas eu não gosto de pensar muito sobre isso.

Quando não assumo integralmente meu papel como membro da Igreja, vivo parcialmente o amor de Cristo. Não serei nunca capaz de “alegrar-me com os que se alegram e chorar com os que choram” (Rm 12.15), porque meu envolvimento é sempre parcial. Sem conhecer o amor verdadeiro, posso ter todos os demais dons, mas de nada eles me adiantarão (1Co 13).

Quando eu entrego fielmente o dízimo, compareço aos cultos e participo dos ministérios, não estou fazendo favor algum à Igreja, ao pastor ou pastora, nem sendo mais santo que os membros assumidos que não o fazem. O erro deles não justifica minha arrogância. De certo modo, eu fico parecendo o fariseu que subiu ao templo para orar (Luc 18.9-14). Estou apenas cumprindo meu dever cristão, mas se faço isso apenas para não ser cobrado, então “já recebi minha recompensa” (Mt 6.6).

Quando eu não me torno membro da Igreja, torno-me uma anomalia, uma parte do corpo de Cristo que quer viver de si mesma. Mas um membro não pode ser separado do corpo sob o risco de morte, assim também, fora do corpo de Cristo, morremos, uma vez que a comunhão plena alimenta a espiritualidade saudável (1Co 12-14).

Se Cristo amou a Igreja e chegou a ponto de morrer por ela, quando não assumo integralmente meus votos numa comunidade local, corro o risco de situar-me fora desta esfera de amor, de santidade e de incorruptibilidade, mesmo considerando os defeitos e infortúnios que ela, como comunidade humana, santa e pecadora (no dizer de Martim Lutero) pode conter (Ef 5.25-27). Ao contrário, importa-me sofrer por ela: “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24).

O fato de ser membro de uma Igreja é consequência do fato de que me entreguei a Cristo, vivo por ele. É uma manifestação visível da transformação invisível que Deus opera no meu interior. Devo me alegrar por isso, e não achar-me sob o peso de uma obrigação. Damo-nos primeiro a Deus e depois uns aos outros na comunidade de fé (2Co 8.5). Como poderei dar-me por inteiro a alguém se não quero assumir publicamente meu compromisso para com essa pessoa ou grupo, de todos os meios e formas pelas quais me for possível fazê-lo?

Somente o fato de ser membro de uma igreja me dará a autoridade do reconhecimento que vem dos irmãos e irmãs, legitimando meu ministério junto a eles e tornando mais amplo o espectro da minha ação. Por ter-me como seu igual, companheiro de jugo e de lutas, com maior profundidade poderão testemunhar de mim e sentir que estou 100% com eles, como aconteceu com Tito (2Co 8.16-23). Os membros da Igreja são neste texto chamados de “companheiros no desempenho da graça”, “companheiros e colaboradores”, “mensageiros da Igreja”, “glória de Cristo”. E Paulo lhes exorta a demonstrar “a prova do amor e da exultação” perante a Igreja quando membros desse porte estiverem diante dela.

Se há sobre a comunidade um pastor ou pastora fiel, com amor no coração, atenção e fidelidade para com os princípios bíblicos e doutrinários, minha insubmissão é sinal de rebeldia ao Senhor e ao seu corpo. Tenho de considerar profundamente as motivações que me levam a não querer uma autoridade espiritual sobre mim. É claro que há os que abusam, mas a Bíblia chama a estes de mercenários. Os pastores e pastoras verdadeiros são reconhecidos por sua autoridade vinda do Espírito, seu amor e zelo pela comunidade, sua seriedade no testemunho e na oração. A estes, a carta aos Hebreus recomenda obediência e submissão (Hb 13.17). Tenho de admitir se não quero que o pastor ou pastora me oriente espiritualmente porque ele ou ela não é uma pessoa de Deus (e isso não cabe a mim, individualmente, decidir) ou se é porque esta liderança espiritual me confronta diretamente em meu coração endurecido, em meus pecados de estimação ou na confrontação da entrega total a Cristo, que ainda resisto a fazer. Se for assim, é para pensar profundamente a minha vida, pois “se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?” (1Tm 3.5)! Esta reflexão e constatação cabem somente a mim e somente o Espírito pode revelar-me inteiramente isso. Mas se me nego a pensar, também me nego a ser transformado...

Cristo edifica a sua igreja e afirma que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). Como eu posso ser edificado se não quero afirmar categoricamente que faço parte da Igreja? Como poderei, assim, fazer com que o inferno não prevaleça contra mim? Preciso estar na igreja para saber “como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15)

Como disse alguém, a Igreja não é para ser conveniente, nem condescendente, mas contundente. Se eu quiser ser mais um na multidão, posso estar na igreja sem assumi-la. O problema disso é que Cristo não vai me conhecer quando isso for necessário (Mt 25). Mas se quiser ser discípulo, não devo fazer o que eu quero – sou instado a deixar o meu eu e assumir o fardo do meu irmão (Gl 6.2). Ser membro da Igreja é um passo fundamental e um grande desafio. Paulo concorda: “Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas” (2Co 11.28), porque não basta estar no rol, é preciso estar por inteiro, pela vida inteira, com a inteira vida. Mas o resultado do compromisso pleno é, igualmente, grandioso: “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3.10).

Pra. Hideide Brito Torres
www.hideide.blogspot.com
"A graça seja com todos os que amam sinceramente a nosso Senhor Jesus Cristo" (Efésios 6.24)